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CAIO NEGRO NO PALCO GRUPO NOSSA CARA PRETA

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dexter é um homem livre.

 
Depois de 13 anos exilado dentro do sistema carcerário, finalmente Marcos Omena, 37, o rapper Dexter, ex-integrante do grupo 509-E, ganha a liberdade plena. Dexter recebeu a noticia às 14h, do dia 20 de abril de 2011, quando se preparava para viajar para a Bahia a trabalho.
Na chegada ao aeroporto de Salvador logo a noticia, “Pó irmão to feliz ao extremo, acabei de ganhar a minha liberdade plena”, revelou Dexter.
A comemoração de sua liberdade começa no mesmo dia a noite com uma visita ao Sarau Bem Black, no Pelourinho, a convite do rapper GOG e por intermediação de Hamilton Borges e Dj Branco. Andando nas ruas do Pelourinho a caminho do evento já ouvíamos uma voz falando bem alto “Dexter está em Casa”, falava Nelson Maka, organizador do Sarau, ao chegar no local foi total emoção, o rapper GOG foi até a entrada receber Dexter e o público do Sarau foi ao delírio, muitas fotos e abraços.
Durante o evento Dexter fez o seu primeiro pronunciamento depois de liberto. “Satisfação enorme estar aqui com vocês, meus irmãos de sofrimento, de luta, de revolução, muito obrigado pelo carinho, pelo respeito, meu parceiro GOG, e hoje é um dia mais do que especial, acabamos de desembarcar a umas duas horas atrás, mais às 14h, desse dia 20 de abril, agora a gente pode passar a comemorar todos os anos no dia 20 de abril, a libertação deste que vos fala, muito obrigado pelo carinho, pelo respeito. Certamente as lagrimas derramadas ao longo desses 13 anos, hoje eu entendo que serviu para regar a árvore da minha felicidade, poder dividir isso com meu povo é muito louco, com meus irmãos, com minha família da rua, é muito louco, e eu acho engraçado, e ao mesmo tempo eu agradeço a Deus, essa data caiu justamente no dia que eu venho pela primeira vez a Salvador. De 13 anos, 10 foi ao lado de uma guerreira que dispensa apresentação, dispensa palavras, mas eu só queria dizer que mesmo com os pés sangrando, continuou do meu lado firme e forte, estendendo a mão a todo instante, a todo momento, passou fome por minha causa, quase foi despejada por minha causa, e hoje o que faço pra ela é pouco pelo que ela fez, guerreou comigo dez anos, e hoje você ta aqui amor, é porque você é merecedora e eu queria dizer que eu te amo, Patrícia Omena”, declamou Dexter. Em seguida cantou a música “Oitavo Anjo” o público vibrou.
Durante o evento GOG falou da importância do rapper Dexter para o hip-hop e o estado brasileiro. “Essa noite é muito especial, quantas vezes diante das dificuldades das necessidades, a gente sabendo que você é um parceiro que já era digno da liberdade, de estar caminhando, quantas vezes à política pública esteve distante e não tinha a mínima sensibilidade de entender que você era mais importante fora do quer lá dentro, por várias questões, passando pela econômica, mas principalmente pela espiritual transformadora, então hoje se o sistema, ele conta um a menos lá dentro, o louco é que a periferia ganha muito mais aqui, tá ligado? A guerra preta, a estratégia quilombola hoje vai ser praticada com mais sabedoria, por quer Marcos Omena, o que a periferia fez de Dexter está aqui hoje, então temos que festejar e comemorar, isso ninguém tira de nós, jamais”, desabafou GOG.
Em seguida o militante do movimento negro e da luta-antiprisional, Hamilton Borges, fez seu pronunciamento e declarou o dia 20 de abril feriado. “É muito importante isso aqui, hoje é dia de celebração, eu faço uma guerra aqui, junto com um monte de guerreiros que tem aqui, contra as prisões, nós somos anti-prisionais, e pra nós, há muita tempo atrás, eu dizia uma coisa, que a gente tinha você Dexter, sempre como nosso ídolo, como Nelson Mandela, como Malcom X, como Zumbi pra gente, continua, só que é um ídolo vivo, vivo, sã e forte para nós ajudar na luta, e pra mim o dia 20 de abril é feriado, no decorrer da minha vida, no dia 20 eu não trabalho mais, só estudo, eu queria dizer que nesse momento de celebração de amor, a gente tem que fazer uma luta contra o extermínio na cidade de Salvador, no estado da Bahia, a gente tem que fazer uma luta contra as grades, a gente não pode permitir que o governo continue abrindo cadeias, a gente não pode permitir que os lucros dos ricos sejam o nosso sangue derramado, esse que é o símbolo, valeu Dexter pela sua presença, tamo junto”, declarou Hamilton Borges.
Na sexta-feira, 22 de abril, a convite da Posse de Conscientização e Expressão – PCE – Dexter passou o dia visitando três bairros periféricos da cidade de Lauro de Freitas, vizinha a Salvador. Ele foi aos bairros de Itinga, Portão e Lagoa dos Patos, caminhou pelas ruas, fez freestyle na chuva e conversou com a galera do hip-hop da região. No sábado a tarde participou, no Teatro Vila Velha, do evento Hip-Hop em Movimento, no Vivadança Festival Internacional, como palestrante da mesa redonda Hip-Hop e Direitos Humanos – Mudando as regras do jogo, ao lado de Hamilton Borges, Dj Branco e o Secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado da Bahia, Almiro Sena. Dexter aproveitou a oportunidade para falar sobre sua carreira, experiência e visão sobre o sistema carcerário. Em seguida cantou na transmissão ao vivo do programa Evolução Hip-Hop, da rádio Educadora FM.
No domingo de Páscoa Dexter passou a manhã no Complexo Penitenciário Lemos de Brito, junto com Hamilton Borges e Drª Andréia, onde deu palestra, cantou e trocou ideia com os detentos, ele visitou três pavilhões. Para finalizar sua agenda na cidade, prestigiou a final da 4ª Batalha de Break – Evolução Hip-Hop e entregou o troféu e medalha para o campeão da batalha.
No ano de 2008 Dexter começou a cumprir regime semi-aberto, o que lhe possibilitou trabalhar fora do presídio, viajar pelo Brasil fazendo shows, palestras e participando de eventos de cunho sócio político cultural. Começou sua carreira como rapper em 1991 no grupo Tribunal Popular, que tem como padrinho Racionais MC’s, mas sua carreira só teve um “bum” em nível nacional com o surgimento do grupo 509-E no ano de 1999, no Presídio Carandiru, Pavilhão 7,”xadrez” nº 509-E, grupo o qual ele cantava ao lado do rapper Afro X. Logo lançaram o CD Provérbios 13, com faixas assinadas por Mano Brown, Edi Rock, DJ Hum, MV Bill, e arranjos de Zé Gonzalez (Planet Hemp), Marquinhos e DJ Luciano. Com uma pena menor, Afro-X foi libertado da cadeia em 2002, meses antes do lançamento do segundo CD “Depois de Cristo”. A dupla foi desfeita logo depois, mas o mito se manteve, o Oitavo Anjo, que no ano de 2005 lançou seu primeiro disco solo: Exilado Sim, Preso Não, contou com participações especiais de Mano Brown, Mv Bill, GOG, Função, Tina, Rinea Bv, Edi Rock, entre outros.
Disco que trouxe a toma o motivo real do desfecho do grupo 509-E com a música “Fênix”. O 509-E acabou por divergências dentro do grupo, a decisão de acabar o 509-E foi minha, acho que a Fênix resume muito bem o por quer que acabou o 509-E, eu nunca usei o rap para cantar mentira, sempre fui um cara verdadeiro dentro do rap e até fora dele também, sou ser humano, tenho falhas, não sou perfeito, mais alguns erros eu não costumo cometer, ta ligado? E o 509-E acabou justamente por isso, erros cometidos e o não reconhecimento desses erros, a Fênix retrata muito bem o que aconteceu no 509-E”, explicou Dexter..
 fonte : site www.rapnacional.com.br

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