caio negro

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CAIO NEGRO NO PALCO GRUPO NOSSA CARA PRETA

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

MALCOM X



Família
Não é difícil saber por que Malcolm X se tornou um dos maiores líderes negros do mundo – era filho de um pastor batista afro-americano de militância ativa: o reverendo Earl Little, também filiado a UNIA – Associação para a Melhoria Universal do Negro. Possuía uma deficiência, sendo cego de um olho e era alto, 1 metro e 90 centímetros de altura.
Earl era de Reynolds, estado da Geórgia, sul dos Estados Unidos e logo cedo teve que abandonar os estudos, para ajudar no sustento da família. Era um seguidor das idéias de Marcus Garvey que propunha para o negro a liberdade, independência e o amor próprio, além do retorno a África.
A mãe de Malcolm era Louise Little, imigrante de Granada, América Central. Tinha cabelos pretos, lisos e por ser filha de uma união entre um homem branco e uma mulher negra herdou um tom de pele muito claro, chegando a ser considerada uma branca. Mas isso não era motivo de orgulho para ela, por saber o sofrimento e preconceito que passavam as pessoas de cor preta.
O líder nasceu no dia 19 de maio de 1925 em um hospital de Omaha, sendo o sétimo filho do casal. Os irmãos mais velhos eram Ella, Earl Junior, Mary, Wilfred, Hilda, e Philbert. Tem ainda os caçulas Yvonne e Reginald e Robert.
O pai de Malcolm tinha uma fama de agitador e por isso estava sempre mudando de cidade. Sempre pregando nos finais de semana nas igrejas batistas e durante semana propaganda as idéias de Marcus Garvey. Mas estava juntando economias para ter seu próprio negocio e fazia o possível para dar um bom nível de vida para todos.
Mas constantemente perseguido por membros da Ku Klux Klan e entidades correlatas, ele acabou sendo morto em 1931, por integrantes da Legião Negra – grupo racista de Lasing. Foi espancado e depois colocado sob os trilhos da ferrovia onde seu corpo foi praticamente cortado ao meio, na passagem de um trem. Ainda com medo dos assassinos racistas, seu velório não foi aceito em nenhuma igreja, sendo velado na casa da família.

Desintegração da família
Imediatamente a situação da família piorou financeiramente. Apenas um dos seguros foi pago, sendo o maior negado, pois a Seguradora afirmava que o reverendo tinha na verdade cometido suicídio. Louise passou a trabalhar como empregada domestica, mas às vezes perdia o trabalho, quando as famílias brancas descobriam de quem ela era viúva.
Por causa da fome, e a depressão do inicio dos anos 30, passaram fome. Às vezes conseguiam dinheiro vendendo coelhos que caçavam, e às vezes, Malcolm até furtava comida nas lojas de Lasing. Por causa disso, era detido e levado para o conselho tutelar e ao serviço de Assistência Social. Quando chegava a casa levava homéricas surras da mãe. Não demorou a ser encaminhado a lares adotivos, de onde era mudado constantemente devido seu comportamento.
O golpe falta para desintegração do núcleo família, foi o progressivo desequilíbrio mental da Louise que chegou a ser internada no Hospital Estadual de Doenças Mentais, em Kalamazoo. Não esqueçamos que estamos no inicio de século XX, e o tratamento psicológico é deficiente e preconceituoso, principalmente com os negros. A mãe de Malcolm passou 26 anos internada, e nunca mais recuperou a sanidade mental. Só Deus, sabe a que foi submetida.
Na adolescência Malcolm teve que lidar com ambiente extremamente discriminatório. Tentou lutar boxe para se destacar na escola e tirava boas notas. Mas suas aspirações foram reduzidas a pó quando seu professor de inglês, Senhor Ostrowski, disse que não poderia se tornar um advogado, pois não era uma profissão típica de negros. “Você tem que ser realista” disse.
Terminado os estudos correspondentes ao Primeiro Grau, Malcolm foi para Boston, ajudado por sua irmã, Ella. Lá conheceu seu amigo inseparável de juventude, Shorty, que logo lhe apelidou de Red, por causa da coloração avermelhada dos cabelos castanhos que tinha. Pelo parceiro passou a dar dicas de como vestir, agir e falar em uma grande cidade e juntos passaram a trabalhar como engraxates.

Juventude e Criminalidade
Shorty também foi que iniciou a vida social de Malcolm, com seu alisamento de cabelo, com congolene, que consistia na mistura de: lixívia, dois ovos e duas batatas de tamanho médio, vaselina, uma barra de sabão, luvas de borrachas e dois pentes, sendo um de dentes largos e outro fino. O processo era doloroso, além de fazer cair cabelo, ainda ardia indescritivelmente.
Com 21 anos conseguiu emprego de garçom em uma companhia ferroviária, onde conseguiu chegar até Nova Iorque e por conseqüência no Harlem, bairro de predominância negra. Mas logo abandonou este trabalho para tornar-se um apontador de apostas e traficante de drogas. Em 1943 foi quase convocado para o Exercito, que lutava na Segunda Guerra Mundial, mas conseguiu ser dispensado.
Após ter se desentendido com um dos chefes do crime organizado do Harlem, West Indian Archie, Malcolm passou a cometer furtos e foi preso. Condenado no Tribunal do Condado de Middlesex, a 10 anos de prisão a serem cumpridos a partir de fevereiro de 1946 na Penitenciária Estadual de Charlestown.
A Passagem pela Prisão.Quando Malcolm chegou à prisão estava no auge de toda sua revolta de tudo que havia acontecido na vida, desde a morte do pai até o envolvimento com o crime. Mesmo lá, ele não foi abandonado pelos irmãos Ella, e Philbert que tinha se tornado um pastor em Detroit que estava rezando por sua recuperação moral.
Na cela desenvolveu um novo vicio o consumo de noz-moscada, que misturada em um copo de água fria, dada o mesmo efeito da maconha, de acordo com seu relato. Com o dinheiro enviado pela irmã passou a comprar outros entorpecentes: nembutal, benzidrina e baseados.
Por freqüentemente insultar os guardas e passar muito tempo na solitária por isso, ganhou o apelido de Satã, também devido aos cabelos avermelhados. Em 1947 conheceu um preso negro de apelido Bimbi, tido como intelectual por todos os detentos, que passou a lhe dar noções de filosofia e o incentivou a ler.

Conversão ao Islamismo
1948 – foi o ano em que passou a ter contato com o Islamismo através do irmão Philbert, que lhe escrevia que tinha encontrado a verdadeira religião dos negros, da Nação do Islã. Malcolm estava neste momento transferido para a Penitenciária de Concord. Depois foi Reginald que deu o seguinte conselho “não coma carne de por e pare de fumar, que lhe mostrarei como sair da cadeia” disse.
E assim através de muitas cartas e algumas visitas dos irmãos, que ele se converteu ao Islaminismo. No final daquele mesmo ano foi transferido para a prisão-Colônia em Norfolk, no estado de Massachusetts, que era pro conhecida por ter um sistema de recuperação prisional mais aberto. O local era ajudado por pesquisadores das universidades de Harvard e de Boston. Ainda em Norfolk passa a conhecer Elijah Muhammad, para quem passou enviar suas cartas, que lhe correspondeu.
Em 1952, após sua libertação condicional e foi morar em Detroit com o irmão Wilfred, onde começou freqüentar o tempo Numero Um de Detroit. Logo que foi aceito na Nação do Islã, trocou o sobrenome de Little, que era segundo a orientação dos mulçumanos negros, herdado dos senhores de escravos, para “X” – ou seja, uma incógnita.
No ano seguinte, foi nomeado para o seu primeiro cargo dentro da estrutura da Nação, Ministro Assistente do Templo Número Um de Detroit. Tinha como função a arregimentação de novos fieis. Tinha um discurso forte, onde acusava os pastores negros de não fazer nada contra o racismo. Como não era um cargo remunerado passou a ser operário em uma fábrica.
Vira um suspeito para o FBIEm um dia normal de trabalho na fábrica foi procurado por um agente do FBI, que o convidou para ir até o escritório deles em Detroit. Lá foi interrogado sob qual a razão que não tinha se alistado para a convocação da Guerra da Coréia. Ele respondeu atrevidamente que não sabia que o exercito norte-americano aceitavam ex-presidiários. De lá foi encaminhado para uma junta de alistamento, quando deu a entender que mesmo forçado não lutaria na guerra iniciada pelos brancos.
O desempenho de Malcolm chamou a atenção de Elijah, que o convidou para visitar outras cidades e ajudar a aumentar os seguidores.

Betty X

Em 1956 através de um trabalho no Templo Sete, em Nova Iorque conheceu a irmã Betty X, enfermeira, formada no Instituto Tuskegee, estado do Alabama, que ensinava as mulheres mulçumanas noções básicas de saúde pública.
Ela também tinha sofrido com uma infância cheia de complicações socioeconômicas, chegando a ser adotada por uma outra família. Converteu-se ao Islamismo durante o ultimo ano de faculdade e se isso lhe gerou problemas – o fim do custeio dos seus estudos pelo casal adotivo. Mas superou isso trabalhando como babá.
No dia 14 de janeiro de 1958 Malcolm e Betty se casam em Lasing, e foram morar por dois anos com Irmão John Ali e sua esposa, no bairro Queens, Nova Iorque. Novembro daquele ano nasceu à primogênita do casal: Attilah e o pai era agora o Secretário Nacional da Nação do Islã. O nome foi dado em homenagem a Átila o Huno, líder que enfrentou o Império Romano.
Depois a família mudou-se para Long Island onde nasceu em 1960, à filha Qubila, - outra homenagem, agora ao líder oriental Kublai Kan. 1962 foi o ano do nascimento da filha Ilysah – homenageando no idioma árabe o líder Elijah e a caçula Amilah veio ao mundo em 1964.
Retornado a 1956 um fato marcou bastante a memória de Malcolm, o espancamento do um companheiro mulçumano, Jonhson Hinton por policiais. Ele enfrentou as autoridades pela primeira vez, e conseguiu junto com os freqüentadores do Templo Sete, ao quais as vítimas pertenciam pressionar pelo devido pronto atendimento médico dele. A cena com dezenas de mulçumanos marchando pela Avenida Lenox até o Hospital do Harlem, impressionou tanto os policiais, quanto à população negra. Ninguém tinha enfrentado até aquele dia com tanta firmeza e êxito a violência policial.
E o caso não parou por ai: advogados da Nação do Islã moveram um processo judicial contra a Prefeitura de Nova Iorque e a vítima recebeu uma indenização de 70 mil dólares. O fato virou manchete em todos os jornais da comunidade negra.


Malcolm vira assunto na Mídia
Os meios de comunicação passaram a se interessar pela organização da Nação do Islã, inclusive produzindo reportagens e documentários. Também começaram a ser estudado por sociólogos das universidades americanas.
Em 1959 foi exibida por um canal de televisão uma reportagem em que as lideranças dos mulçumanos negros falavam, inclusive, Malcolm, com o titulo “O ódio que o ódio gerou”. Isso teve dois efeitos: aumentou o temos das autoridades sobre o islaminismo negro e aumentou o número de seguidores.
Com o aumento do assédio da Mídia, Elijah Muhammad nomeou Malcolm para representá-lo em entrevista e palestras, e bom ressaltar que a saúde dele, não estava muito boa. Isso também gerou problema para o jovem líder que passou a ser invejado pelos os outros integrantes da hierarquia da Nação do Islã.
Ao mesmo tempo em que ganha a confiança de Elijah, o líder negro, começa a ser informado sobre as acusações de assédio sexual, adultério e até processos de paternidade movido contra o dirigente dos mulçumanos negros. Inclusive, Betty acaba confirmando as suspeitas, pois fica sabendo de muita coisa no seu trabalho de orientação das mulheres mulçumanas. Mas ele continuou sua fé nele, por acreditar que tudo pudesse fazer parte de inimigos do crescimento e do trabalho de conscientização negra, que estavam executando.
Amizade com Cassius Clay

Em 1962 em Detroit, um jovem e promissor lutador de boxe começou a freqüentar uma Mesquita da cidade. Ele imediatamente ficou fascinado pela oratória de Malcolm e em pouco tempo tornou-se um dos mais famosos mulçumanos negros.
Ao mesmo tempo as familiares de Cassius e de Malcolm tornaram-se amigas a ponto de freqüentarem entre si aniversários e outras festas. E está aproximação passou a ser vista como perigosa por setores do FBI, devido às posições radicais do líder mulçumanos.
Além disso, o atleta que depois se rebatizou de Muhamad Ali, seguiu fielmente as orientações religiosas de Malcolm, inclusive antes de suas lutas. A aceitação do Islã por Ali foi tão séria, que ele chegou a enfrentar um longo processo movido pelo Governo Norte Americano por sua recusa em se alistar no Exercito: repetindo Malcolm dizendo que não lutaria em uma batalha (Guerra do Vietnam) que não foi criada pela população negra.
Saída da Nação do Islã.Uma manchete no dia 23 de novembro de 1963 foi suficiente para causar a queda de Malcolm do alto de seu prestigio na Nação do Islã. Perguntado por jornalista sobre o assassinato do presidente John Kennedy, ocorrido um dia antes, em Dallas, no estado do Texas, ele respondeu que o “tiro saiu pela culatra”, responsabilizando o próprio presidente pelos motivos que determinaram sua morte.
Orientado por outros membros da hierarquia mulçumana negra, Muhammad propôs uma censura pública em Malcolm de 90 dias. Eles ficaram com medo que a frase trouxesse represálias à entidade e também era o pretexto que muitos queriam para cessar a ascensão de jovem líder afro-americano, que já tinha se tornado mais famoso e conceituado a própria Nação do Islã.
Não demorou a Malcolm acordar para tudo que havia acontecido com ele, estava sendo descartado, e começou a criar uma nova vertente do Islamismo Negro e fundou a “A Mesquita Mulçumana”, com sede no Harlem. E o fez com uma concorrida entrevista coletiva. .
Num golpe na intimidade de Malcolm, Elijah decretou que nenhum o afastamento de todos os seguidores dele, incluído o lutador Ali.
Peregrinação a MecaCom a determinação de conhecer com seus próprios olhos e formular seus próprios conceitos sobre o Islamismo, Malcolm peregrinou até Hajj – Meca, na Arábia Saudita, uma obrigação para todo mulçumano que tenha condições financeiras.
Lá conhece a multi étnica sociedade do Islã e passa a aceitar a colaboração com pessoas de outras raças no Combate ao Racismo nos Estados Unidos. Uma posição bem diferente do que tinha aprendido dentro da Nação do Islã. Abandona o prenome Malcolm e passa assinar como El-Hajj Malik El-Shabazz.
Mas mesmo assim despertava a desconfiança do Governo Norte Americano que designou agentes para acompanhá-lo secretamente e checar se o líder não estaria também fazendo contatos com militantes radicais de esquerda.
Também excursiona por paises africanos que estavam se libertando do colonialismo. Nestes locais era recebido com chefes de estado. Em palestra, assumiu sua posição antiimperialista com relação seu próprio país. Ao retornar foi recebido em uma entrevista coletiva com vários órgãos de imprensa de cobertura nacional. Em solo americano ficou sabendo da campanha de difamação movida por antigos companheiros da Nação do Islã contra ele.

Os últimos dias de Malcolm X
Em 1965 a animosidade entre o líder e seus ex-companheiros da Nação do Islã estava em um grau de muita agressividade. Eles tentavam na justiça tomar a casa em que moravam junto com Betty e as filhas.
No dia 13 de fevereiro, às 2 horas e 45 minutos da madrugada, a família sofre um atentado, onde uma bomba incendiária destrói quase metade da residência. Ele suspeita de pessoas a mando de Elijah tenham executado o serviço.
Foi recomendado a cancelar sua agenda, pois as ameaças de morte por telefone ou mesmo por recados dado por membros, que ainda eram seus amigos. No dia 21 de fevereiro de 1965, foi pregar para fiéis no Harlem, especificamente no Auduborn Ballroom, que ficava entre a Rua Broadway e a Avenida St. Nicholas. Um prédio alugado para tudo, desde casamentos até bailes, como o que havia ocorrido há dias anterior.
Neste dia, estava prevista a preleção do reverendo Milton Galamison, ativista dos Direitos Civis, que acabou tendo que cancelar por problemas na agenda. Às 15 horas, ele entrou no salão, saudando aproximadamente 400 pessoas presentes.
Inesperadamente três iniciaram uma confusão, com disparo de tiros. Malcolm pediu calmas as pessoas, mas foi abordado por um dos assassinos, que lhe apontou uma espingarda e disparou. A vítima só teve tempo para esboçar um gesto de defender-se com as mãos desarmadas. Os outros dois fizeram com revolveres mais disparos. O líder ainda foi socorrido no Hospital Presbiteriano de Columbia, mas ele foi declarado morto horas depois.
Um dos assassinos foi detido por policiais, nas imediações do local do crime: era Thomas Hogan, de apenas 22 anos e que quase foi linchado pela multidão indignado com o crime.
O médico legista disse que ele morreu em decorrência do disparo da espingarda que causaram 13 ferimentos no peito e no coração. Mesmo assim, ele foi baleado nas pernas. A ordem foi de execução sumária. O advogado de Malcolm, o também deputado estadual Percy Sutton, declarou a imprensa há meses, seu cliente tinha comunicado as autoridades policiais da possibilidade de seu assassinato, sem que nada fosse feito.
Ele foi enterrado no cemitério de Ferncliff, em Ardsley, no Estado de Nova Iorque, com o caixão dispondo sua cabeça em direção ao oriente, como manda a religião mulçumana. Não foi permitido que coveiros brancos participassem do enterro, cabendo a tarefa a outras pessoas negras.
O ator Ossie Davis discursou na ocasião do funeral, que a comunidade negra tinha perdido o príncipe negro que não hesitou em morrer pelo o que tanto lutava – a causa negra.
Para mim, que não canso de ler as analises de Malcolm sobre a situação do negro, perdemos muito mais que isto: ele estava inclusive elaborando uma verdadeira filosofia – uma forma de entender o mundo, que poderia gerar uma ideologia afro-americana.
Há suspeitas que além de Elijah Muhammad haja interessados em sua morte inclusive dentro do Governo Norte-Americano. Junto com Martin Luther King Junior, morto pouco tempo depois, reunia um poder de mobilização assustador. Tinha também respaldo internacional.
Mas o melhor que podemos fazer, é prosseguir de onde ele parou. Eu tento. 

 

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Rapper do Wu-Tang Clan processa gravadora por royalties não pagos

  
O rapper Ghostface Killah durante show no festival Glastonbury, na Inglaterra   
Ghostface Killah, um dos membros do grupo nova-iorquino de rap Wu-Tang Clan, está processando a gravadora Universal por royalties não pagos, de acordo com a Billboard.
Segundo o rapper, a gravadora tem direito a apenas 25% dos royalties das canções do Wu-Tang Clan. A Universal, em contrapartida, alega que detém 50%.
 
A ação judicial acontece seis anos após Killah ganhar um processo conta a Wu-Tang Productions e o produtor RZA --uma das mentes por trás do grupo-- por acreditar que ambos recebiam mais dinheiro do que legalmente poderiam.
 
Por outro lado, Ghostface Killah está lidando com um processo por ter usado indevidamente trechos da canção "The Iron Man Theme", composta por Jack Urbont nos anos 60. Os advogados de Killah, entretanto, estão descartando a ação judicial porque o sample da faixa pertence ao disco "Supreme Clientele", lançado há 11 anos.
 
"Apollo Kids", de 2010, é o álbum mais recente de Ghostface Killah.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Racismo, raça, etnia e marxismo

O marxismo é uma ciência social que responde satisfatoriamente os
principais impasses do capitalismo, verifica que a luta pela
apropriação das riquezas produzidas pela humanidade é a fonte básica
das contradições. Propõe uma sociedade sem classe social, cuja
produção seja socialmente produzida e distribuída. O desenvolvimento
do marxismo, mesmo quando não é hegemônico, tem contribuído para
conquistas e avanços em diversas dimensões sociais, no entanto,
reconhecidamente, há um grande déficit teórico em relação às questões
raciais.
A mais libertária e conseqüente teoria sociológica nasce contemporânea
a radicalização do abolicionismo na Inglaterra, França e Estados
Unidos; ao racismo “científico”, que racializava a humanidade
hierarquizando as raças, a fim de justificar o novo colonialismo
europeu que avançava sobre os continentes africano e asiático, e
estabelecer um novo lugar para um enorme contingente populacional
recém saído da escravidão nas Américas. Apesar do momento sombrio que
se avizinhava à ciência política, visto que a base que sustentava a
teoria racista (determinismo geográfico, superioridade biológica,
características morfológicas como determinantes de caráter e
habilidades) provou-se anticientífica desde os primórdios de sua
elaboração, Marx e Engels não avançaram os limites colocados em seu
tempo histórico, para eles a questão étnica e racial não se impôs
claramente.
Outros importantes teóricos marxistas não desenvolveram reflexões
sobre esse tema, ao contrário, em alguns momentos assimilavam
argumentos do evolucionismo social, teoria que sustentava a
hierarquização de raças e culturas. Isso explica as lacunas teóricas e
alguns erros políticos do movimento comunista. Ainda assim, o marxismo
é o melhor método científico tanto para entender como para combater o
racismo;   os comunista deram contribuições históricas para elaboração
política dos movimentos antirracismo, para libertação dos povos e
países africanos e para organização do movimento negro em toda
diáspora.
       Ciente do limite teórico ora explicitado, as correntes liberais e
pós-modernas - algumas se auto-intitulam pós-marxistas - como mais um
meio de propagar o fim do marxismo e a consolidação de um novo tempo
histórico, elaboram críticas nefastas ao desenvolvimento político dos
trabalhadores na luta para conquista do socialismo. Parte do
pensamento conservador é resultado da exploração de debilidades da
experiência da construção do socialismo empiricamente verificáveis.
Acusam o marxismo de ter fracassado na resolução das contradições
relacionadas à raça, gênero e etnia existentes no interior das
classes; argumentam que as experiências do socialismo no leste europeu
foi um fiasco, sufocaram as nacionalidades, essas só expressaram suas
aspirações e singularidades com plena liberdade após a queda do regime
na região. Advogam que a ênfase marxista nas classes sociais é
reducionista, pois as classes estão dissolvendo, o grau de contradição
intraclasses não permite considerá-las um todo que compartilha
projetos e aspirações, ao contrário, as classes competem entre si. A
política contemporânea responde a impulsos enraizados em identidades
diversas (raça, gênero, etnia, nacionalidade, orientação sexual,
etc.), cujos interesses políticos não se esgotam nos limites dado
pelas divisões de classes.
Hipocritamente omitem que o racismo está enraizado, desde sua gênese,
em base econômica, sempre serviu a interesses sociais, econômicos e
políticos de Estados e das classes dominantes, ora pra justificar a
escravização de seres humanos, saque aos recursos naturais e ao
trabalho de sociedades autônomas, por isso imbrica-se na luta de
classes, na luta contra o colonialismo e contra o imperialismo. Em
outras palavras, apesar de ter se estruturado teoricamente a margem do
capitalismo e conter elementos que pode sobreviver a regimes
sócio-econômicos pós-capital, o racismo serve como elemento de
opressão em benefício dos interesses burgueses, ao mesmo tempo tem
grande potencial para criar confusão e divisão dos trabalhadores.
Segundo Libero Della Piana, presidente do Partido Comunista dos
Estados Unidos, “o racismo em nosso país é a maior ferramenta do
capitalismo, ferramenta número um para dividir os trabalhadores. O
racismo faz os capitalistas mais ricos” .
Essa mesma corrente não esconde sua verdadeira intenção quando apregoa
a minimização do Estado e plena liberdade aos mercados; associam as
experiências socialistas com autoritarismo e corrupção; propõe a
solidariedade entre as classes, fim do antiiperialismo e
fortalecimento do conceito de interdependência entre ricos e pobres,
com objetivo de deslegitimar a luta de classe organizada pelos
trabalhadores e seus partidos. Resumidamente estão na contramão do
anti-racismo, pois propõe uma agenda conservadora que deve ser
combatida, porque beneficia exclusivamente a burguesia internacional e
os Estados nacionais ricos.
As manifestações culturais subjacentes no racismo - estereotipo
negativo, atribuição de menor valia as expressões do outro,
preconceito - sobrevivem as mudanças estruturais econômicas e
políticas. Para consolidação do socialismo haverá necessidade de um
longo período de transição, após a classe operária ascender ao poder
político, ou seja, a mudança das estruturas materiais que sustentam o
capitalismo deverá ser processual. Quanto a superestrutura o processo
é idêntico, mudando a estrutura material a sociedade processualmente
se divorciará das idéias dominantes anterior.
O racismo não putrefará na inércia, haverá necessidade de atuar sobre
ele, reeducar o povo contra os resquícios culturais e psicológicos
decorrente da ideologia que o sustenta. Apesar de ser um regime
essencialmente libertário, não é líquido e certo que o socialismo
engendra o antirracismo, no processo de sua construção deve se
observado as opressões que não se associam exclusivamente com a
dimensão econômica. Por essa razão a luta contra o racismo é
compatível e deve organizar-se em concomitância e unidade com a luta
do proletariado para tomada do poder político e construção do
socialismo. O que exige dos teóricos progressistas, em especial dos
brasileiros pelo histórico de miscigenação e multiculturalidade,
protagonismo na formulação de ferramentas teóricas e políticas que
confronte os ideários racistas, sempre sintonizadas a nossa
experiência histórica.
Conceito de raça e etnia
No marxismo, raça e etnia são elementos irrelevantes para explicar as
diferenças políticas, grupos homogêneos competem por recurso comum
disponíveis, para isso lutam politicamente entre si. O capital explora
indistintamente, não enxerga raça, nacionalidade, gênero ou outras
identidades, mas ao longo de sua experiência prática os donos do
capital utilizam raça, gênero e nacionalidade para aumentar a
expropriação e dividir a base social explorada.
Em certos contextos, a percepção de equivalências sócio-econômicas
contribui com a formação vínculos políticos para atuação na luta de
classe, fenômeno invariavelmente confundido com lutas raciais – a
grande rebelião da comunidade negra em Los Angeles, em 1992 e o
levante nos subúrbios de Paris em 2007 são exemplos da luta de classe
subjacente em conflitos raciais, pois a elites econômicas negra, nas
respectivas cidades não tomaram parte nos conflitos. “Os diferentes
grupos étnicos são colocados e se colocam em relações de cooperação,
simbiose ou conflito, pelo fato de que como grupos têm variados
interesses, funções econômicas e políticas” .
O conceito raça é inoperante para explicar a variabilidade humana, não
tem amparo na ciência biológica. A sociedade humana é uma espécie que
não subdivide em raças ou sub-raças diferentes, “mas em seis bilhões
de indivíduos genomicamente diferentes entre si, mas com graus maiores
ou menores de parentesco em suas variadas linhagens genealógicas.
(...) Em outras palavras, pode ser fácil distinguir fenotipicamente um
europeu de um africano ou asiático, mas tal facilidade desaparece por
completo quando se procuram evidências dessas diferenças ´raciais’ no
genoma das pessoas” . Raça não é uma realidade biológica, é uma
construção sócio-política, carregada de ideologia, como tal, não
proclama seu verdadeiro sentido: relação de poder e dominação .
Na forma “científica” o conceito foi elaborado e desenvolvido pelas
elites burguesas européias em finais do século XVIII e XIX, com
objetivo de legitimar filosoficamente a dominação e sujeição política
e econômica entre classes sociais através da colonização, escravidão,
discriminação, diversas formas de exploração e atrocidades. A
elaboração anterior proposta pela Igreja em finais do século XV não se
sustentava racionalmente, o mundo se transformava, os valores que
sustentavam a antiga ordem foram duramente questionados, jogados no
ralo das inteligências dominantes e da história. O racismo científico
foi uma chave fundamental para as mudanças estruturais impostas pela
burguesia - classe social que acabara de assumir definitivamente o
poder político – e para o desenvolvimento do capitalismo enquanto modo
de produção globalmente dominante.
Desde o século XVI, época marcada pelas grandes navegações,
colonização da América, e fase inicial do encontro e trocas comerciais
entre os povos europeus, africanos e asiáticos, as populações negras,
em todo planeta, vivem com acúmulos de desvantagens provocadas pela
violência, saques e exploração insana da sua mão de obra. No
imaginário do senso comum negro é sinônimo de pobre e marginal, os
negros compartilham histórico de discriminação negativa e
subalternidade. Esse lugar social secularmente imposto, teórica e
filosoficamente sustentado pelas classes dominantes, determinou
identidades comuns entre os negros e os obrigou organizarem contra a
opressão. A burguesia racializou a humanidade e tem desfrutado dos
lucros que o racialismo gera.
Em finais da segunda guerra mundial as teorias racistas baseadas em
pseudos ciências foram rejeitadas pela comunidade cientifica
internacional, ainda assim, se mantêm a desigualdade herdada do
racismo científico e do histórico de exploração direcionada as
populações não brancas. Provando que o racismo, na atualidade, não
necessita de uma teoria para legitimá-lo nem da proclamação científica
de existência das raças, o pensamento coletivo a convencionou. Há
forças políticas e econômicas lucrando com sua vitalidade, será
necessário tempo para que sua sustentação mental seja aniquilada e
muita luta política para sua superação. As variedades fenotípicas
entre os seres humanos são empiricamente incontestáveis, não se
confunde visualmente um esquimó da Groenlândia com um aborígine
australiano, por isso a noção social de raça dispensa critérios
genótipos, é na “raça biologicamente fictícia” que se assenta a
classificação hierárquica, se assentam os estereótipos, historicamente
negam direitos e o racismo sobrevive vigorosamente.
       Etnia é um conceito de caráter sócio-cultural, histórico,
psicológico, lingüístico e de identidade, está em constante
desenvolvimento, tem se fortalecido na mesma medida da inviabilidade
científica das raças. Se para a ciência a hierarquização biológica é
uma fraude, então se substitui pela cultura, assim mantem a
respeitabilidade teórica da desigualdade produzida pelo racismo e
legitima a dominação política anterior. As identidades étnicas tomam
lugar das raças, prendendo as populações representantes das culturas
“menos desenvolvidas”, “atrasadas” e “primitivas” nas franjas da
sociedade moderna. Marx nos alertou ao peso negativo para luta
emancipacionista do proletariado a inobservância da opressão
direcionada a setores ou camadas dos trabalhadores e o quanto a
opressão étnica divide a luta da classe operária e beneficia os
algozes:
“Cada centro industrial e comercial na Inglaterra possui uma classe
trabalhadora dividida em dois campos hostis, proletários ingleses e
proletários irlandeses. O trabalhador inglês comum odeia o trabalhador
irlandês como um competidor que rebaixa seu padrão de vida. Em relação
ao trabalhador irlandês ele se sente um membro da nação dominante, e
assim torna-se num instrumento dos aristocratas e capitalista de seu
país contra a Irlanda, fortalecendo a sua dominação sobre ele próprio.
Ele aprecia os preconceitos sociais, religiosos e nacionais contra os
trabalhadores irlandeses. A sua atitude é muito parecida a dos
‘brancos pobres’ em relação aos negros nos antigos estados
escravagistas dos EUA. O irlandês lhe paga com juros na mesma moeda.
Ele vê no trabalhador inglês ao mesmo tempo o cúmplice e o instrumento
estúpido do domínio inglês na Irlanda.
Nessas palavras de Marx são possíveis duas deduções, uma que o racismo
e a discriminação estabelecem desvantagem material a segmentos
étnicos, raciais ou nacionais no interior do proletariado, divide a
classe e fortalece a burguesia. Outra que a parcela dos trabalhadores
que não recebe o impacto direto do racismo e da discriminação se sente
psicologicamente superior, esse sentimento conforta a angústia da
miséria em que se encontra, arrefecida pela facilidade em despejar-la
sobre seu bode expiatório: o discriminado.
A mensagem racista seduz parcela dos trabalhadores, pois está
implícita uma promessa de solução imaginária ao problema real, como a
pobreza, desemprego, exploração, que os defronta cotidianamente.
Segundo Alcir Lenharo o nazismo triunfou na Alemanha porque “... a
ideologia racista oficial era de fato acatada e subassumida, e servia
de ponto norteador da conduta individual e coletiva da população.”   .
Silenciar e subestimar o racismo enquanto uma proposta política social
reacionária para benefício de uma minoria, equivale a apoiar
tacitamente a própria dominação. Por isso combate-lo é uma tarefa
revolucionária, cabe ao proletariado e seu Partido ações com objetivo
de desarticular, enfraquecer e superar o racismo, pois a eles está
dada a tarefa de dirigir a luta pela transformação social.
Os comunistas e a compreensão do povo brasileiro
       O Brasil, desde sua gênese, edificou uma sociedade multirracial,
embora não seja a única experiência civilizatória na América marcada
pelo encontro e pela miscigenação de vários povos, raças, etnias e
culturas. Há nos brasileiros, características nacionais singulares -
provenientes do processo histórico que moldou a nação – que mesmo
salvaguardando diversidades das múltiplas ancestralidades, tem uma
identidade nacional identificável em todo planeta. A constituição de
um povo nação que compartilha identidade nacional comum e
homogeneidade étnica, comporta diferenças, conflitos, assimetrias
sociais. O Brasil é um exemplo de nação que, a despeito da cultura
dominante ter sufocado, embaraçado e perseguido as matrizes culturais
dominadas e alienígenas, consolidou uma sólida unidade carregada de
diversidade.
Os comunistas reconhecem a existência do racismo e da desigualdade
racial no Brasil, compreendem que dispomos de condições e instrumentos
positivos para melhor combate-lo. Somos um povo uno, unidade formada
pelo encontro assimétrico e miscigenação de três povos: os
colonizadores portugueses, os índios nativos da terra e os africanos
utilizados como mão de obra escrava. Unidade forjada num processo
violento e contínuo de unificação territorial e política da nação, na
luta popular contra a opressão imperialista e das elites locais. Não
há em todo território nacionalidades em conflitos, movimentos ou
forças separatistas, etnias reivindicando território e
autodeterminação. Somos um povo profundamente miscigenado -
compreendendo que todas as sociedades humanas são miscigenadas, que
esse fenômeno não reduz totalmente a hierarquia racial elaborada pelos
pensadores do racismo cientifico e que miscigenação não se resume ao
intercurso sexual para procriação, mas encontro de valores
humanísticos que envolvem religião, mitos de criação, culturas,
folclores, etc.-, falamos apenas um idioma, a base da sociedade
brasileira é socialmente integrada, enquanto povo-nação, o povo
brasileiro é um todo indivisível.
A compreensão da existência de um povo uno no Brasil, não ignora e nem
subtrai da unidade contradições de diversas dimensões que devem ser
tratadas: gênero, etnia/ raça, desigualdades regionais, dentre outras.
Segundo Darci Ribeiro “... a uniformidade cultural e a unidade
nacional (...) não devem cegar-nos, entretanto, para disparidades,
contradições e antagonismos que subsistem debaixo delas como fatores
dinâmicos da maior importância.”  O Estado brasileiro e as elites
nacionais são os verdadeiros construtores teóricos, políticos e
materiais do racismo e da desigualdade social e econômica entre os
negros e brancos, suas escolhas políticas, nos primórdios da
República, foram assumidamente racistas, visavam eliminar a existência
física do negro no Brasil. É importante compreender que no seio da
sociedade civil brasileira tem sérios problemas impregnados, que
justificam o fato de estarmos entre as sociedades mais desiguais do
planeta; convivermos com índices alarmantes de violência, onde a
juventude negra é o principal alvo; termos uma classe média racista e
conservadora, tenaz atuante contra os avanços sociais propostos; a
elite mais mesquinha, gananciosa e antipatriota do mundo.
Estamos diante de uma unidade doente, sob suspeita, em situação de
risco, inconclusa, sob uma profunda estratificação social exacerbada,
intransponível, que confunde a pobreza com a população negra e
privilegia uma minúscula elite branca. A tese da unidade do povo
brasileiro não significa “um cala boca” aos graves e estruturais erros
do passado, nem uma negativa ao necessário resgate dos direitos
negados aos negros e indígenas. Ao contrário, um povo uno sobrevive
quando garante o gozo dos direitos humanos a aqueles que se dirigiram
as opressões históricas. Daí a importância das forças progressistas
ocuparem os governos para aprofundarem a mudança, dando prioridade na
universalização da intervenção do Estado junto a população, sem
prejuízo do olhar atento sobre as especificidades. A manutenção das
contradições no interior do povo favorece a desagregação da sociedade
e dificulta o processo de construção – ainda em curso – da Nação
brasileira.
Edson França

A Luta das Mulheres Negras

As mulheres negras tem sido parte importante da sociedade brasileira
há cinco séculos. Como grupo social específico em defesa de seus
interesses ou como parte do amplo contingente negro ou geral que luta
por justiça social e inclusão social, sua atuação pode ser vista desde
o regime escravocrata até hoje. De fato, as lutas das mulheres negras
por equidade se desenvolve ao longo dos séculos e devemos reconhecer
que têm sido parte fundamental dos
amplos segmentos que constróem cotidianamente o Brasil como nação.
Ainda que violentamente invisibilizadas – pois atuam num contexto de
racismo e sexismo – colocam a disposição da sociedade séculos de
lutas, de pensamento a serviço da ação transformadora. Em seu
horizonte, uma sociedade sem iniqüidades, sem racismo, sexismo, sem as
desigualdades de classe social, de orientação sexual, de geração ou de
condição física e mental, entre muitas outras. Mas reconhecemos que,
apesar de muitas lutas, ainda há um longo caminho a ser trilhado para
que o Brasil venha a ser um ambiente confortável para a existência de
todas. Violações cotidianas de direitos humanos econômicos, sociais,
culturais e ambientais têm como legado os piores indicadores de
qualidade de vida concentrados neste grupo particular. O que resulta
em uma mobilização que não cessa.

Texto ONG Criola
O debate – e a luta continua

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Documentário conta a história de Bezerra da Silva

Bezerra da Silva se tornou um dos mais populares sambistas brasileiros. A especialidade dele era retratar a malandragem, a vida no morro e fazer críticas ácidas e bem-humoradas.
A história do músico, que morreu em 2005 aos 77 anos, é o tema do documentário “Onde a Coruja Dorme”.
Muitos antes do Funk e do Rap de favela, o pernambucano Bezerra da Silva se tornou um grande personagem do samba carioca como o criador do “Sambandido” e de um estilo que o fez cultuado como um grande mestre da nossa melhor malandragem. É o que mostra o documentário “Onde a Coruja Dorme”.
Quando chegou ao Rio de Janeiro, Bezerra viveu na rua como mendigo durante sete anos. Salvo pela religião, ele conseguiu começar na música, mas só encontrou o sucesso quando começou a gravar os sambas de seus amigos das favelas, muitas vezes anônimos por motivos, digamos, de segurança pessoal. “O que faz dos autores, ele diz cantando aquilo que ele queria dizer com a música. E eu sou o campeão. Então como eles dizem a realidade, que dói, eles dizem que sou cantor de bandido. Porque os autores que escrevem para mim são favelados”, afirma Bezerra da Silva.
Com clássicos como “Defunto Caguete”, “Overdose de Cocada”, “Candidato Caô” e “Pai Véio 171″, Bezerra foi um precursor do Funk proibidão e até do gangsta Rap americano.
Um dos melhores discos do Bezerra é o que ele gravou 1995 com seus colegas de malandragem Moreira da Silva e Dicró. Para sacanear os três Tenores, Pavaroti, Domingo e Carreras, se chamaram de os Três Terrores.
Ninguém no mundo do samba teve tanto prestigio e foi tão querido entre os rappers e roqueiros como Bezerra da Silva, que teve entre seus grandes fãs Lobão, Marcelo D2, O Rappa, Barão Vermelho, que foram seus parceiros, o homenagearam em suas músicas e regravaram seus sucessos.
O documentário será mostrado em combinação com uma homenagem musical de estrelas brasileiras do Hip Hop, R’n’B e Samba.
Os direitores do filme estão entusiasmados com a participalção no Miami Film Festival. “Bezerra da Silva é tido com grande estima pelo povo brasileiro e queremos trazer sua música para os EUA e mostrar o mundo de inspiração por tráz de seu lirismo”, afirma Márcia Derraik.
Biografia
Foi de Pernambuco para o Rio de Janeiro aos 15 anos escondido em um navio, e lá ficou trabalhando na construção civil. Tocava percussão desde criança e logo entrou em um bloco carnavalesco, onde um dos componentes o levou para a Rádio Clube do Brasil, em 1950. A partir daí passou a atuar como compositor, ins-trumentista e cantor, gravando seu primeiro compacto e 1969 e o primeiro LP seis anos depois. Inicialmente gravou côcos sem sucesso.
Mas a partir da série Partido Alto Nota 10 começou a encontrar seu público. O repertório de seus discos passou a ser abastecido por autores anônimos (alguns usando codinomes para preservar a clandestinidade) e Bezerra notabilizou-se por um estilo “sambandido”, precursor mesmo do “gangsta rap” norte-americano.
Antes do hip hop brasileiro, ele passou a transmitir do outro lado da trincheira da guerra civil não declarada: “Malandragem Dá um Tempo”, “Seqüestraram Minha Sogra”, “Defunto Cagüete”, “Bicho Feroz”, “Overdose de Cocada”, “Malandro Não Vacila”, “Meu Pirão Primeiro”, “Lugar Macabro”, “Piranha”, “Pai Véio 171”, “Candidato Caô Caô”. Em 1995 gravou pela Sony “Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró: Os Três Malandros In Concert”, uma paródia ao show dos três tenores, Pavarotti, Domingo e Carreras. O sambista virou livro em 1998, com “Bezerra da Silva - Produto do Morro”, de Letícia Vianna, e agora é tema de documentário.