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CAIO NEGRO NO PALCO GRUPO NOSSA CARA PRETA

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quarta-feira, 9 de maio de 2012

CAIO NEGRO HIP HOP NOVA ESCOLA: PROJETO FONTE DO SAMBA

CAIO NEGRO HIP HOP NOVA ESCOLA: PROJETO FONTE DO SAMBA: Fonte do Samba O PROJETO FONTE DO SAMBA É UM PROJETO ABERTO A TODAS AS LINGUAGENS CULTURAIS, MAS QUE TEM COMO BASE O SAMBA ...

PROJETO FONTE DO SAMBA

Fonte do Samba

O PROJETO FONTE DO SAMBA É UM PROJETO ABERTO A TODAS AS LINGUAGENS CULTURAIS, MAS QUE TEM COMO BASE O SAMBA TRADICIONAL ONDE COMPOSITORES QUE DEIXAVAM SUAS OBRAS NA GAVETA LA ENCONTRAM UM LUGAR PARA QUE ELAS SEJAM APRECIADAS PELO PÚBLICO.

VENHA MOSTRAR SUA ARTE.

O PROJETO ACONTECE TODAS AS TERÇAS-FEIRAS NO CLUBE 28 DE SETEMBRO
NA RUA MACHADO DE ASSIS, 112 CENTRO SOROCABA - SP
A PÁRTIR DAS 20Hrs.

*Contribuição Voluntária de R$ 3,00
 http://www.fontedosamba.blogspot.com.br/
VAMOS CHEGAR E FORTALECER ....

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

2 de Fevereiro dia de IEMANJA..

Dia 2 de fevereiro - dia de festa no mar , segundo a música do compositor baiano Dorival Caymi. É o dia em que todos vão deixar os seus presentes nos balaios organizados pelos pescadores do bairro do Rio Vermelho junto com muitas mães de santo de terreiros de Salvador, ao lado da Casa do Peso, dentro da qual há um peji de Yemanjá e uma pequena fonte.
Na frente da casa, uma escultura de sereia representando a Mãe d´Água baiana, Yemanjá. Desde cedo formam-se filas para entregar presentes, flores, dinheiro e cartinhas com pedidos, para serem levados à tarde nos balaios que serão jogados em alto mar.
É única grande festa religiosa baiana que não tem origem no catolicismo e sim no candomblé. (Dia 2 de fevereiro é dia de N.Sra. das Candeias, na liturgia católica, e esta Nossa Senhora é mais freqüentemente paralelizada com Oxum, a vaidosa deusa das águas doces).
Dia de Iemanjá
Iemanjá , rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá e Maria, no paralelismo com a religião católica. Aiocá é o reino das terras misteriosas da felicidade e da liberdade, imagem das terras natais da África, saudades dos dias livres na floresta (AMADO,1956;137)
Dois de fevereiro é - oficiosamente - feriado na Bahia. É considerada a mais importante das festas dedicadas a Yemanjá, embora Silva Campos narre que antigamente a mais pomposa festa a ela dedicada era a efetuada no terceiro domingo de dezembro, em Itapagipe, em frente ao arrasado forte de São Bartolomeu (SILVA CAMPOS, 1930;415). Odorico TAVARES (1961;56) narra que, nos outros tempos, os senhores deixaram seus escravos uma folga de quinze dias para festejarem a sua rainha em frente ao antigo forte de São Bartolomeu em Itapagipe.
QUERINO (1955;126/7) confirma ser na 3a dominga de dezembro a festa comemorada em frente ao antigo forte de S.Bartolomeu, hoje demolido, à qual compareciam para mais de 2.000 africanos . Tio Ataré era o pai de santo residente na rua do Bispo, em Itapagipe, que comandava os festejos. Reuniam os presentes em uma grande talha ou pote de barro que depois era atirada ao mar. A festa durava quinze dias, durante os quais não faltavam batuques e comidas típicas baianas, com azeite de dendê. Hoje a festa do Rio Vermelho dura só o dia 2, prolongando-se pelo fim de semana seguinte, quando próximo.
SILVA CAMPOS conta também uma lenda de que no Rio Vermelho havia uma rendosa armação de pesca de xaréu sendo bastante abundante tal peixe alí. Certa feita, veio junto com eles na rede, uma sereia. O proprietário do aparelho, querendo viver em paz com a gente debaixo d´água fê-la soltar imediatamente.
Anos depois, sendo outro o dono da armação, novamente caiu uma sereia na rede e eles resolveram pegá-la e levá-la, carregada por dois pescadores, para assistir missa na igreja do povoado (não se sabe se na de Santana ou na extinta capela de São Gonçalo). Ela ficou o tempo todo chorosa e envergonhada; terminada a cerimônia soltaram-na à beira-mar. Desde esse dia nunca mais se pegou um xaréu que fosse nas águas do porto de Santana do Rio Vermelho, apesar dos pescadores anualmente levarem oferendas à Mãe d´Água (SILVA CAMPOS, 1930;417).
O pintor Licídio Lopes, morador antigo do Rio Vermelho, conta em suas memórias que era entre a praia do Canzuá e a da Paciência, por cima das pedras que havia uma gruta muito grande que os antigos diziam que era a casa da Sereia ou Mãe d´Água, porém ela não morava mais ali e a gruta estava abandonada Esta gruta foi destruída por uma pedreira, na década de 20 do século XX, mas permaneceu a pedra da Sereia; na gruta e nesta pedra é que se botavam presentes para a Mãe d´Água ou sereia. Agora que não existe mais a gruta, botam presentes em todas as praias, e se dá preferência à maré enchendo ou cheia.
Conta ainda que o grande presente para Iemanjá , no dia 2 de fevereiro, é uma idéia que não veio das seitas de candomblé, mas de um pescador, querendo reviver a festa do Rio Vermelho, já que a de Santana estava ficando menos concorrida. Decidiram dar um presente à Mãe d´Àgua no dia 2 de fevereiro. Pescadores e peixeiros se reuniram para organizar a festa que começava com uma missa na igreja de Santana de manhã e à tarde botavam o presente para a Rainha do Mar; houve problema com um padre que não gostou que se misturasse missa com presente para uma sereia e eles resolveram não celebrar mais missa e apenas botar o presente à tarde para Iemanjá .
Mas como ocorressem algumas dificuldades e imprevistos, alguém lembrou que essa obrigação era feita na África, onde Iemanjá é mãe de todos os orixás. Como no Rio Vermelho não existisse na ocasião algum terreiro, foram procurar em outros bairros uma casa que se encarregasse das obrigações para dar o presente. A mãe de santo Júlia Bugan, que tinha casa de Candomblé na Língua de Vaca, perto do Gantois, foi quem orientou, dando uma nota para comprarem tudo o que era preciso.
Fez os trabalhos e preceitos, colocou na talha que pedira e dentro do balaio, enfeitou com muitas fitas e flores e mandou-o para a casinha de pescadores no dia 2 de manhã. A partir de então continuaram fazendo sempre este preceito para tudo correr bem
Em 1988, 89 e 90 o preceito foi realizado por Waldelice Maria dos Santos, do Engenho Velho da Federação (SANTOS,1990;28 e 34)
A partir de 1967 o Departamento de Turismo passou a ajudar. Em 1969 foi feito o pedestal junto à casa dos pescadores e colocada a estátua de uma sereia feita por Manuel Bonfim. (LOPES,1984;58/9 e 61).
No largo de Santana e cercanias armam-se muitas barracas, onde o devoto, depois de depositar sua oferenda, pode ficar tomando uma bebida, degustando as típicas e tradicionais comidas baianas, beliscando aperitivos e revendo os conhecidos e amigos, que sempre aparecem neste dia por lá.
Às 4 da tarde é que saem os barcos que levam os balaios cheios de oferendas a serem lançados em alto mar. Quando as embarcações voltam para a terra os acompanhantes não olham para trás, que faz mal. Diz a lenda, que os presentes que Yemanjá aceita ficam com ela no fundo do mar, e os que ela não aceita são devolvidos à praia pela maré, à noite e no dia seguinte, para delícia dos meninos, que vão catar nas praias os presentes não recebidos por ela.
AMADO (1956;136) conta que se Iemanjá aceitar a oferta dos filhos marinheiros é que o ano será bom para as pescarias, o mar será bonançoso e os ventos ajudarão aos saveiros; se ela o recusar,... ah! as tempestades se soltarão, os ventos romperão as velas dos barcos, o mar será inimigo dos homens e os cadáveres dos afogados boiarão em busca da terra de Aiocá.
Odorico TAVARES conta uma lenda iorubana que diz que quando Orungan, filho de Iemanjá , apaixonado pela mãe, tentou violentá-la, ela o repudiou e saiu correndo pelos campos, com o incestuoso ao seu alcance. Num dado momento ela caiu e seu corpo começou a crescer; dos seus seios saíram dois rios e seu ventre despedaçou-se dando origem a quinze orixás que regem os vegetais, o trovão, o ferro, a guerra, o mar, os lagos, rios africanos, a agricultura, os caçadores, os montes, as riquezas, a varíola, o sol e a lua (TAVARES,1961;53/4). CACCIATORE (1977;267) os nomeia, não na mesma ordem: Dadá, Xangô, Ogun, Olokun, Oloxá, Oyá, Oxum, Obá, Okô, Okê, Xampanã, Oxossi, Ajê Xalugá, Orun (sol) e Oxupá (lua).
No Brasil Yemanjá é orixá do mar e considerada mãe de todos os orixás de origem iorubá (os de origem daomeana - Omolu, Oxumaré e às vezes Exu - são tidos como filhos de Nanã).
VERGER (1987;50) narra a lenda africana de Yemanjá que era filha de Olokum, a deusa do mar. Casou-se, em Ifé, com Olofim-Odudua., com quem teve dez filhos que se tornaram orixás. De tanto amamentar os filhos, seus seios se tornaram imensos. Cansada da estadia em Ifé, fugiu para o oeste, chegando a Abeokutá. Ao norte desta cidade vivia Okere, rei de Xaki, que desejou desposá-la. Ela concordou, com a condição de que ele nunca ridicularizasse o tamanho de seus seios. Ele assentiu e sempre a tratava com consideração e respeito, mas um dia, voltando bêbado para casa, gritou para ela: você com seus seios compridos e balouçantes! você com seus seios grandes e trêmulos! . Yemanjá, ofendida, fugiu em disparada. Antes de seu primeiro casamento Yemanjá recebera de Olokum, sua mãe, uma garrafa contendo uma poção mágica pois, nunca se sabe o que pode acontecer amanhã ; em caso de necessidade Yemanjá deveria quebrar a garrafa, jogando-a no chão.
Em sua fuga, Yemanjá tropeçou e caiu, a garrafa quebrou-se, e dela nasceu um rio cujas águas levaram Yemanjá em direção ao mar, residência de sua mãe. Okere, contrariado, quis impedir a fuga de sua mulher e foi-lhe ao encalço. Para barrar-lhe o caminho transformou-se em uma colina, ainda hoje chamada Okere. Não conseguindo passar, Yemanjá chamou Xangô, o mais poderoso dos seus filhos. Ele pediu uma oferenda e, recebida, disse-lhe que no dia seguinte ela encontraria por onde passar. Nesse dia Xangô desfez os nós que prendiam as amarras das chuvas e as nuvens começaram a se reunir; Xangô então lançou seu raio sobre a colina Okere, ela abriu-se em duas, e as águas do rio de Yemanjá atravessaram a colina e a levaram até o mar, onde ela resolveu ficar e não voltar mais à terra.
Yemanjá é festejada em muitos locais na Bahia. Vive e é festejada na Ribeira, em Plataforma; na península de Humaitá, onde fica a igrejinha de Montserrate; na Gameleira, na ilha de Itaparica; no Rio Vermelho, frente à igreja de Santana, e em muitos outros lugares conhecidos pelos seus filhos e filhas de santo, que vão aí oferecer seus presentes e fazer suas obrigações.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A HISTORIA DE MARTIN LUTHER KING JR

Martin Luther King foi um dos mais importantes líderes do ativismo pelos direitos civis para pessoas negras. Um pastor protestante e ativista político, que zelava pela paz mas sem deixar de lutar pelo que acreditava.


 O Dr. Martin Luther King, Prêmio Nobel da Paz em 1964, principal expoente e líder da não-violência nos Estados Unidos, morreu hoje depois de ter sido atingido em pleno rosto por disparo de arma de fogo, segundo anunciou o subchefe da Polícia de Menfis, onde o insigne batalhador pela causa da integração racial e dos direitos dos negros nos Estados Unidos instalara seu quartel-general para dar inicio a nova marcha pela integração nesta cidade do Tennessee. Dois homens não identificados foram detidos. King foi baleado enquanto estava na sacada do hotel.
O Rev. Anw Young, vice-presidente da Conferência Meridional de Orientação Cristã, presidida por Martin Luther King, afirmou que a bala o atingira no pescoço e na parte inferior do rosto."
Com esta notícia o mundo tomou conhecimento, em 4 de abril de 1968, às 6 h da tarde, da morte do Pastor Martin Luther King Jr, assassinado em Mênfis com um tiro na cabeça. Morreu levando para o túmulo seu "sonho americano" de uma sociedade justa e livre de preconceitos.
Em 1929, Luther King já era pastor adjunto de uma comunidade. Morava com sua mulher Alberta e sua filha Cristina de um ano, na casa de seu sogro, um pastor de renome chamado Adam Daniel Williams.
A casa possuía doze peças e fora construída no coração de Atlanta, na Avenida Auburn, artéria muito importante para a comunidade negra da cidade. A Igreja Batista de Ebenezer, onde também começaria a pregar Martin, localizava-se nesta mesma avenida.
Na grande casa ocupada pelos King e Williams, o movimento era febril naquelas primeiras semanas de janeiro de 1929. Alberta não passava bem no final da gravidez e todos se mantinham em grande expectativa. No dia 14, o estado de saúde de Alberta King piorou muito, mas finalmente no dia seguinte, 15 de janeiro de 1929, vinha ao mundo um menino que, para maior angústia de todos, parecia ter nascido morto. Entretanto, após vigorosa palmada do médico, o bebê principiou a gritar. Passava, assim, a respirar o futuro grande líder negro, que foi registrado, devido a um erro do encarregado do registro civil, como Michael Luther King Júnior, nome que só foi mudado oficialmente para Martin Luther King Júnior em 1957.
Com a morte do sogro (Williams) em 1931, o jovem pastor assumiu a posição de condutor espiritual daquela que viria a ser a igreja onde Martin Luther King Jr. principiou sua carreira de pregador, transformando-se mais tarde num dos maiores guias espirituais da humanidade nos tempos modernos. Naquele ano de 1931, data do completo êxito de Luther King, seu ilustre filho contava então apenas dois anos de idade.
Martin, sua irmã mais velha Cristina e o caçula Alfred Daniel cresceram em um ambiente confortavelmente burguês. O ano de 1929, início da grande Depressão norte-americana e ano do nascimento de Martin, deixou 65% dos negros de Atlanta desempregados, mas o lar dos King não viria a ser atingido pela crise. Jamais moraram em uma casa alugada e, segundo as próprias palavras de Luther King, jamais andaram muito tempo em um automóvel que não estivesse totalmente pago. Apesar de toda esta estabilidade, ainda mais acentuada quando notamos que o temperamento calmo e tranqüilo da mãe servia de equilíbrio à índole inconstante e emotiva do pai, Martin Luther King Jr tentou o suicídio duas vezes antes dos treze anos de idade, o que vem a mostrar a instabilidade emocional do menino que, já a essa altura, estava tomado pelos fantasmas de sua condição de negro uma sociedade que não admite tal fato. A primeira tentativa deu-se quando sua querida avó, Jennie Williams, sofreu um acidente que fez com que perdesse a consciência. Julgando-a morta, Martin saltou da janela do primeiro andar sob os olhares atônitos da família. Quando, em 1941, sua avó realmente morreu, Martin tornou a saltar do primeiro andar, e mais uma vez não sofreu mais do que pequenos arranhões.
Em 1935, Martin entrou na escola pública, passando em seguida para uma instituição privada, a Escola Experimental da Universidade de Atlanta, freqüentando depois a Escola Secundária Booker T. Washington.
Nesta altura a família King muda-se para uma rua bem mais rica, a Boulevard Street, ocupando uma bela casa de tijolos vermelhos. Luther King já é então pastor influente, ocupando importantes cargos junto a todos os conselhos de direção dos mais variados movimentos em favor dos negros de Atlanta, o que provoca o recebimento de cartas anônimas e constantes telefonemas injuriando-o e ameaçando-o de morte, principalmente por parte da Ku Klux Klan. Este clima de ameaças serviu para despertar no menino Martin a real consciência do mundo em que vivia, levando-o a meditar sobre as terríveis contradições sociais que geravam tanto ódio, tanta violência, tanta desumanidade.
Em setembro de 1944, Martin Luther King Jr., seguindo a tradição da família, entra para o Morehouse College. Optando pela sociologia, Martin mostrou ser um ótimo estudante, integrando-se muito bem no ambiente do campus, onde às vezes surgiam discussões políticas e sociológicas. Em junho de 1948, recebe o seu diploma, deixando assim o Morehouse College, onde foram plantadas as sementes intelectuais no espírito sensível e emotivo do jovem futuro líder que viria projetar-se no mundo inteiro.
No outono de 1948, Martin Luther King Jr. sai de Atlanta e dirige-se para a cidade de Chester, Pensilvânia, ingressando na Faculdade de Teologia Crozer. Martin já se encontrava plenamente consciente da explosiva situação mundial, semeada de conflitos sociais de toda espécie, que permaneceram latentes após o término da Segunda Guerra Mundial.
Em junho de 1951, recebe seu diploma em Teologia, encerrando assim mais urna importante etapa de sua formação intelectual. Quase que imediatamente, inscreveu-se no curso de Filosofia da Universidade de Boston, para onde segue no outono seguinte. E nesse período que ele trava conhecimento com Coretta Scott, a bela e inteligente moça que viria a ser sua esposa, a companheira nos dias luminosos e também nos trágicos. O casamento se realizou a 18 de junho de 1953. Em setembro de 1954, Martin tornou-se pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter, em Montgomery, Alabama, dando início à sua cruzada pelos direitos civis. Por essa época, a Ku Klux Klan, bem como outros grupos e a própria polícia, atuavam sem cessar, procurando através do medo paralisar os negros e mantê-los submissos. Martin percebeu então que era preciso combater esse medo, pois à medida que ele se desfizesse, a voz negra passaria fatalmente a ser ouvida. Nesse mesmo ano nasceu sua primeira filha, Yolanda, ou Yoki, como ficou depois conhecida.
Na primavera de 1955, Martin recebeu seu diploma de doutor em Filosofia. Nessa época, entre todos os aspectos do segregacionismo em Montgomery, o mais degradante era o regulamento da Companhia de Ônibus da Cidade de Montgomery.
No dia 1º de dezembro de 1955, a Sra. Rosa Parks, uma costureira negra de quarenta e dois anos, fatigada por um dia de trabalho, entrou num ônibus superlotado para voltar para casa. Por sorte, descobriu um lugar vago no princípio da seção reservada aos negros. Quando o ônibus lotou mais, o motorista ordenou aos negros que se Levantassem para que os brancos pudessem sentar-se, e a Sra. Parks, mais por cansaço que por espírito revolucionário, negou-se a ceder seu lugar. Foi imediatamente presa e levada para o Palácio da Justiça. Rosa foi libertada sob fiança por E.D. Nixon, homem que sempre se dedicou à luta pelos direitos civis; e foi ele quem, farto de tantas injustiças, entrou em contato com todas as associações e movimentos dos negros. A idéia do Conselho Político Feminino de realizar um dia de boicote aos ônibus logo começou a germinar e, como veremos a seguir, foi tão bem aceita que o boicote durou "apenas" trezentos e oitenta e dois dias!
No dia seguinte, 2 de setembro, Martin foi chamado por Nixon para uma assembléia com mais quarenta representantes de todas as seções negras da cidade, onde foi decidido por unanimidade o boicote, que teria lugar no dia 5 de dezembro. O movimento foi um sucesso total, tendo 99% de eficiência e estendendo-se até meados de janeiro de 1956, quando a polícia resolveu prender Martin Luther King Jr., usando o pretexto de excesso de velocidade. Com a sua prisão, ainda mais unidos ficaram os negros.
No dia 30 de janeiro de 1956, Martin proferia um discurso em uma das reuniões quando lhe deram a notícia do ataque a bomba em sua residência; felizmente, graças à presença de espírito de Coretta, ela e Yoki nada sofreram, além do susto. Uma multidão de negros enfurecidos formou-se em frente à casa de Martin, querendo fazer justiça com as próprias mãos aos que tão injustamente os perseguiam; Martin, usando sempre da sua política de não-violência, pediu que depusessem as armas e voltassem para suas casas, dizendo para encerrar: "Devemos responder ao ódio com amor".
Mas o grande dia finalmente despontou. A 20 de dezembro de 1956, chegou a Montgomery a ordem da Suprema Corte, declarando ilegal a segregação nos ônibus. Era o fim do boicote que durara mais de um ano, e uma grande vitória para Martin Luther King Jr., que nessa ocasião se tornou mundialmente famoso.
Martin Luther King Jr. sempre foi uma personalidade controvertida dentro dos Estados Unidos, especialmente nos primórdios de sua campanha pela integração racial. Posteriormente, o valor de suas ações, tais como manifestações de protesto pela segregação nas lanchonetes, Jornada pela Liberdade, manifestações pelos direitos civis, Marcha Sobre Washington, Campanha de Registro de Eleitores, etc., baseada nos preceitos da não-violência, foi mundialmente reconhecido com a consagração do Prêmio Nobel da Paz que lhe foi concedido em 1964, cujo valor, cerca de cinqüenta mil dólares, ele destinou aos movimentos em prol dos direitos civis.
Ao receber o prêmio em Oslo, perante numerosa assembléia, King afirmou que o recebia em nome de milhões de negros americanos que lutam "para dar fim à longa noite de injustiças raciais".
A reação nos Estados Unidos em face da concessão do prêmio foi a de "muito apropriada" e a de "vergonha para todo o mundo". Esta última expressão foi utilizada por racistas do Sul dos Estados Unidos.
Combatido por uns, defendido por outros, o certo é que o Pastor negro deu aos seus compatriotas da mesma cor uma poderosa arma para a luta contra a segregação. Edgar Hoover, então diretor do FBI, qualificou-o certa vez como "o maior mentiroso e patranheiro dos Estados Unidos". O ex-presidente Truman afirmou ser ele um instigador de motins. Tudo isso não impediu que o mundo inteiro o considerasse um dos maiores líderes na luta pela justiça social em todo o mundo.
Nos Estados Unidos sua ação foi reconhecida pelo presidente John F. Kennedy que, antes de ter um destino semelhante ao seu, deu extraordinário impulso à legislação destinada a pôr fim "à maior chaga interna dos Estados Unidos", como já qualificada a discriminação racial que vigorava e ainda vigora, especialmente nos Estados do Sul.
No início de 1965, na decidida luta pelos direitos reais dos votos dos negros no Estado do Alabama, um dos mais segregacionistas dos Estados Unidos, King foi preso pela décima vez. Mas sua campanha de não-violência conseguiu impor-se, apesar de terem sido detidos na ocasião, juntamente com seu líder, cerca de três mil negros.
Na primavera do mesmo ano orientou a marcha de Selma sobre Montgomery, a capital do Estado do Alabama, que ficou histórica especialmente em face dos milhares de participantes. Luther King, contra a opinião de lideres de sua própria cor que pregavam a violência, sustentava que as marchas deviam catalisar o potencial negro que, do contrário, explodiria de maneira diversa. Na campanha entre Johnson e Goldwater, o pastor batista colocou-se indiretamente ao lado do candidato democrata, repudiando o candidato republicano.
Em 4 de abril de 1967, o pastor Martin Luther King Jr. levantou-se na igreja de Riverside, em Nova Iorque, e proferiu a mais violenta invectiva contra a ação dos Estados Unidos no Vietnã, concitando os negros americanos a se recusarem ao serviço militar "por motivos de consciência". Com esta atitude ele atraiu sobre si grandes críticas, pois estava levantando dúvidas sobre a lealdade do negro à sua pátria, mas de qualquer maneira estava dentro de sua política de não-violência, fosse qual fosse a sua situação.
Suas campanhas fizeram com que fosse constantemente ameaçado de morte. Telefonemas e cartas prometiam-lhe o pior. King conservava certa resignação a respeito, pronunciando em 1962 frases que seriam proféticas se consideradas à luz de seu trágico desaparecimento: "Podem crucificar-me. Posso mesmo morrer. Mas, mesmo que isto me aconteça, quero que digam: ele morreu para libertar os homens".
Nem sempre suas campanhas foram coroadas de êxito e as controvérsias existentes sobre ele nos círculos brancos - e mesmo entre os negros, que por vezes se deixavam dominar por lideranças radicais ou derrotistas - não tornavam fácil a sua campanha. Entretanto, ele nunca desanimou. Em certa alocução declarou: "Nunca estarei satisfeito até que a segregação racial desapareça da América. Eu sonhei que algum dia a nação deverá levantar-se e afirmar: mantemos a verdade de que todos os homens nasceram iguais. Sonhei que algum dia sobre as colinas da Geórgia os filhos de escravos e os filhos de velhos senhores estarão prontos para sentarem-se à mesa da fraternidade. Eu sonhei que o Estado do Mississippi, hoje dominado pela injustiça e pela opressão, tornar-se-á algum dia um oásis de liberdade e justiça. Eu sonhei que meus bisnetos viverão em uma nação em que não serão julgados pela cor da pele mas por seu caráter".
Martin Luther King Jr. não era um sonhador, apesar de alimentar um sonho. Sua visão de uma sociedade de justiça era conseqüência de uma tumultuosa realidade. Sob sua liderança milhões de negros americanos saíram do aprisionamento espiritual, do temor, da apatia, e foram para as ruas reivindicar sua liberdade. O ressoar de milhões de pés em marcha antecedeu o sonho. Sem estes feitos, inspirados pela sua admirável coragem pessoal, as palavras teriam simplesmente criado uma fantasia. Martin Luther King, o guerreiro pacífico, revelou ao povo o seu poder latente; o protesto não-violento de massas, firmemente disciplinado, capacitou-o a avançar contra seus opressores num combate eficiente e sem derramamento de sangue. De um só golpe ele organizou seus exércitos e confundiu os seus adversários. Em plena rua, sob o clarão das luminárias, ele deu uma lição à nação, revelando quem era o oprimido e quem era o opressor.
Ele foi, sem dúvida, um dos líderes negros preeminentes da História. No entanto, foi igualmente um líder para milhões de brancos que com ele aprenderam que, apoiando a libertação do negro, eles se engrandeciam.
Pouca gente sabe o quanto este gigante era humilde. Tinha uma inesgotável fé no povo, e as multidões sentiam isto com todo o seu coração e seu espírito e lhe tributavam mais do que respeito, quase veneração.
Um número ainda mais reduzido de pessoas sabia quanto ele ficava aborrecido, e até torturado, porque duvidava da sua própria capacidade de não falhar nas decisões fatais que lhe atribuíam. Pedia exaustivamente conselhos a seus amigos mais íntimos; procurava as respostas dentro de si próprio; rogava com veemência por orientação.
Hoje, quando milhares de retratos seus estão suspensos em modestas cabanas, nos lares de gente comum e em salões importantes, é doloroso lembrar que ele proibiu sua organização de reproduzir seu retrato. Ele não queria ser idolatrado, mas sim ouvido.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

HIP HOP NO PARQUE VILA FORMOSA NESTE SÁBADO, DIA 19 DE NOVEMBRO, AS 16 HRS, EM SOROCABA

NESTE SÁBADO, 19 DE NOVEMBRO, AS 16 HORAS

ACONTECE O HIP HOP NO PARQUE VILA FORMOSA

COMEMORANDO O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

RODA DE BREAKING, EXPOSIÇÕES E SHOWS

AO VIVO
CONTÉM GLÚTEM
BANCA FORTE DE CRISTO
RM 16
MULTIMPOSOM
EUMESMOANGELO
XIS QUATRO
E MARCIO BROWN

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA DE SOROCABA 2011

PROGRAMAÇÃO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA SOROCABA 2011
9:00 ATO CIVICO NA PRAÇA CEL. FERNANDO PRESTES COM AUTORIDADES E ENTIDADES E CONVIDADOS
10:30 MARCHA ZUMBI COM PARTICIPAÇÃO DE TODA SOCIEDADE
11:30 ATO ECUMANICO NA CAPELA JOÃO DE CAMARGO COM REPRESENTAÇÃO DE TODAS AS RELIGIÕES, APRESENTAÇÃO DA CAPOEIRA, DANÇA DOS ORIXAS E MARACATU DO LEÃO DA VILA
15 :00 FECHAMENTO DO DIA DA CONSCIENCIA NEGRA NO PQ. DOS ESPANHÓIS COM BARRACAS, EXPOSIÇÕES E SHOWS COM CLUBE DO BALANÇO, RAPPIN HOOD, MARIA MADAME, CASSIANO MORAES, ODOBGÓ, NOSSA CARA PRETA/ X4 HIP HOP

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

V Encontro Paulista de Hip Hop

Mais uma vez, a vida, não a ciência, cria a vida; somente a ação espontânea do povo pode criar a liberdade. Sem dúvida, será bastante feliz que a ciência possa, a partir de agora, iluminar a marcha do povo para a sua emancipação. Mas é melhor a ausência de luz do que uma luz trêmula e incerta, servindo apenas para extraviar aqueles que a seguem.”
Mikhail Bakunin
O Encontro Paulista de Hip Hop realizado, desde 2007, pela Secretaria de Estado da Cultura, por meio da Assessoria de Hip Hop objetiva-se em debater e fazer fruir importantes conceitos da cultura hip hop, além de ampliar a discussão acerca das políticas públicas para e com a juventude, valorizando a auto-estima e trazendo, para a prática, o fomento de questões como: ações afirmativas; combate a qualquer tipo de discriminação; políticas de gênero; entre outras.
Para alcançar nossos objetivos temos, como fio condutor, práticas da educação formal e informal atrelados a cultura. Nos parece que, por meio dos processos educativos, podemos refletir, contextualizar e concretizar ações que fortalecem, estimulam e contribuem para a valorização das expressões da cultura hip hop, incentivando a participação plena e efetiva de seus atores e protagonistas na elaboração e desenvolvimento de políticas, programas e projetos culturais, para o reconhecimento do hip hop como elemento importante da cultura brasileira.
O Encontro Paulista de Hip Hop possui amplos instrumentos para discussões de variados temas, onde pesquisadores, estudantes e até curiosos podem extrair elementos para ampliação e fortalecimento desta cultura.
Na atual conjuntura, para a construção de nossa identidade, precisamos conhecer e reconhecer os personagens que há mais de 20 anos, produzem o hip hop no Brasil.
Como alçar vôos em busca da transformação social, sem saber a respeito dos componentes fundadores da cultura afro-brasileira? Impossível. Se a memória sobre os negros foi, e ainda é, diluída na história oficial do Brasil, cabe a nós fazê-la emergir. A cultura nos parece ser o principal instrumento para tal ação. Como fala Joaquim Barbosa Gomes:
“Assim, além do ideal de concretização da igualdade de oportunidades, figuraria entre os objetivos almejados com as políticas afirmativas o de induzir transformações de ordem cultural, pedagógica e psicológica, aptas a subtrair do imaginário coletivo a idéia de supremacia e de subordinação de uma raça em relação à outra, do homem em relação à mulher. O elemento propulsor dessas transformações seria, assim, o caráter de exemplaridade de que se revestem certas modalidades de ação afirmativa, cuja eficácia como agente de transformação social poucos até hoje ousaram negar.” (2)
O formato do Encontro Paulista de Hip Hop procura, por meio de, ações afirmativas que já acontecem em diversos locais do Estado de São Paulo, viabilizar um espaço onde os clássicos elementos – MC, DJ, Break e Grafitti – possam dialogar entre si e, entre outros, como: a literatura, novas mídias, artes gráficas, capoeira, repente, samba, culturas populares.
Na curadoria do V Encontro, indicamos a filiação do hip hop com sua matriz, a cultura negra. No Memorial da América Latina, encontramos esta característica nos tambores sagrados amalgamados com as pick-ups, no improviso do repente com o rap, nos debates de reconhecidos pesquisadores do mundo acadêmico com jovens ativistas do hip hop do Espaço Baobá, nas oficinas de Dj`s, junto aos dançarinos e grafiteiros.
Compomos com outras linguagens, da poesia e literatura periférica do Espaço Omi, da exposição de low rider`s e low biker`s, das livrarias especializadas em educação e cultura negra, da exibição de filmes e documentários, das contadoras de estórias do Espaço Erê e dos lançamentos de livros. Desta maneira, entendemos que o globalizado hip hop pode impulsionar as questões do racismo e anti-racismo, não apenas como um fenômeno ideológico e político, mas também “das formas concretas diversificadas, múltiplas” 3 que, por vezes, são reproduzidas e relativizadas no interior de organizações públicas e privadas. Para que, mais uma vez, o Hip Hop e as questões do racismo não sejam esquecidas no debate da diversidade.
(1) Curadora do V Encontro Paulista de Hip Hop -2011
(2) Joaquim B. Barbosa Gomes.//O Debate Constitucional sobre as Ações Afirmativas. São Paulo, 2005. Disponível clicando aqui. Acessado em: 01 mai. 2011.
(3) WIEVIORKA, Michel. Mutação do racismo. In BERNARDO, Teresinha. e CLEMENTE, Claudemir Corrêa. (Org.). Diásporas, redes e guetos. Tradução de Dorothea Voegeli Passetti. São Paulo, CAPES/EDUC, 2008. p.40.